SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL (SDM)
A síndrome
dolorosa miofascial (SDM) é das mais comuns causas de dor no sistema
musculoesquelético. Costuma afetar músculos, tecido conjuntivo e fáscias da
coluna vertebral. Está diretamente associada à presença de dor e incapacidade
nos indivíduos acometidos.
Alguns sinônimos
encontrados na literatura para a SDM são miofasceíte, fibrosite, reumatismo de
partes moles e miosite.
A SDM é muitas
vezes de difícil diagnóstico, uma vez que necessita principalmente da história
clínica e dos achados do exame físico. É necessária a identificação do ponto
gatilho ou doloroso em uma banda tensa, com a reprodução da dor, para que
existam condições mínimas de diagnóstico. Frequentemente a SDM é confundida com
outras patologias do sistema musculoesquelético, como bursites e tendinites, o
que gera tratamentos sem sucesso para o paciente.
São definidos
critérios maiores e menores para o diagnóstico preciso da SDM:
01-Critérios maiores:
-Bandas de tensão muscular;
-Dor intensa nos PGs em uma banda de tensão;
-Reprodução da dor à pressão do nódulo doloroso;
-Limitação da ADM (Amplitude de Movimento) decorrente da
dor.
02-Critérios menores:
-Evocação da reação contrátil (contração muscular) visualmente ou à palpação;
Os PGs ativos são identificados quando, ao aplicarmos a
pressão com o dedo, é reproduzida “a dor que o paciente possui”. Durante a
palpação, pode ocorrer uma reação contrátil.
-Reação contrátil ao agulhamento dos PGs;
-Atividade eletromiográfica característica de nódulo
doloroso em uma banda de tensão;
-Dor, anormalidade sensitiva na distribuição de um PG à
compressão correspondente.
Para que haja o diagnóstico é necessário que estejam
presentes, no mínimo, quatro critérios maiores e um menor.
Na literatura são encontradas cinco causas para o aumento
da tensão muscular, achado principal da SDM:
- tensão muscular:
-solicitação exagerada,
- fadiga crônica,
-esfriamento,
-redução da circulação,
-alterações
metabólicas.
Diversos tratamentos já foram sugeridos no decorrer da
história, alguns deles ainda empregados até hoje: crioterapia, automassagem,
exercícios e atividades físicas moderadas. Para casos agudos sugere-se apenas
uma sessão de tratamento; para casos crônicos, no entanto, são necessários
tratamentos diários entre duas a seis semanas.
Obs: O termo “zonas de gatilho” foi empregado em 1936 por
Edeiken e Wolferth, para se referir a uma região na qual a dor é sentida
durante a palpação de pontos dolorosos na região escapular. Outros termos
similares, como “áreas de gatilho” ou “pontos gatilhos” foram introduzidos posteriormente.
Para entender o
ponto-gatilho é necessário observar mais de perto. A nível microscópico, cada
nó é chamado de complexo ponto-gatilho e é composto tanto por fibras musculares
em estado normal como por fibras musculares que estão continuamente
contraídas. A contração contínua nestas fibras reduz o fluxo sanguíneo para
ponto gatilho e faz com que aquela área receba menos oxigênio e nutrientes; com
menos sangue circulando, há acúmulo de resíduos metabólicos e toxinas causando
dor, tensão e espasmos no músculo.
FIGURA 38 – COMPLEXO DO PONTO GATILHO
Em 1938, Kellgren
realizou um importante achado. Observou que o acometimento da fáscia muscular e
da bainha tendínea gerava dor localizada, enquanto o estímulo nociceptivo
muscular ocasionava dor difusa, com uma zona de referência previsível. Foi
então reconhecido como o primeiro autor que identificou o padrão de zona de dor
referida muscular.
O termo “mialgia idiopática” foi introduzido por Travell,
em 1983, e posteriormente o descreve como áreas de gatilho, ou pontos gatilhos.
Surgiram as terminologias “dor miofascial” e “síndrome dolorosa miofascial”
para definir as afecções de miofilamentos de contração de fibras brancas e
vermelhas do músculo esquelético.
Os pontos gatilhos
foram redefinidos como “pontos dolorosos profundos circunscritos, com resposta
contrátil localizada ao ser pressionado ou agulhado e que, quando estimulados,
ocasionam dor referida”. Na SDM são encontradas bandas musculares tensas que
podem ser palpáveis, nas quais são identificados pontos dolorosos de grande
intensidade (pontos gatilhos, PGs), como são mostrados na figura. A palpação
digital ou a punção localizada com agulha sobre os PGs causam dor local ou referida
a distância. Esses pontos são resultados de sobrecargas dinâmicas ou estáticas
que ocorrem durante as atividades do cotidiano.
FIGURA 39 – PGS NO MÚSCULO ESTERNOCLEIDOMASTÓIDEO
Uma das características
marcantes da SDM é a contração muscular visível e palpável localizada, que é
induzida pela palpação ou punção da banda muscular ou do PG. A inflamação na
inserção dos feixes musculares, tendões e ligamentos, associada ao encurtamento
muscular, pode resultar entesites ou entesopatias.
Frequentemente o terapeuta encontrará no seu cliente a
presença de PGs no músculo trapézio, ao aplicar a Quick Massage. A figura
mostra as localizações mais comuns dos PGs nesse músculo e as respectivas
regiões de dor referida:
FIGURA 40 – PGS ENCONTRADOS NO MÚSCULO TRAPÉZIO (EM “X”) E AS REGIÕES DE DOR IRRADIADA (EM VERMELHO); NA FIGURA À ESQUERDA, VISTA NO PLANO SAGITAL E À DIREITA NO PLANO FRONTAL, VISTA POSTERIOR